terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ciência, Velocidade , Cibernética, Robótica, Aberração e Labirintos em "Inside"

Dado o relevo que é dado à relação Arte/Ciência na disciplina de Novas Tecnologias Artísticas, fomos hoje visitar a exposição Inside (Arte e Ciência) na Cordoaria Nacional.
O som, quase ensurdecedor, a alguns metros de distância da entrada, já pairava no ar. Eram os “Robots Histéricos” de Bill Vorn, um dos exemplos presentes de Cibernética.
Leonel Moura, artista que organizou e participa na exposição, fez a visita guiada. Depois de uma brevíssima introdução, lançou a questão fulcral que o levou a conceber a exposição, também denominada pelo próprio como “a arte do século XXI”: “A questão que se coloca é se a arte aqui presente na exposição é mais uma das tendências da arte contemporânea ou é uma ruptura na arte?”  Na situação de transtextualidade actualmente existente parece-me impossível que cada área se debruce sobre si mesma sem interacção com o que está à volta. De igual modo, depreendo um factor mais explícito de velocidade e concorrência do que ruptura. Estarão a Ciência e a Arte em competição? Serão as constantes descobertas científicas meros factores figurativos e conceptuais para a Pintura ou será a Pintura apropriada como meio de expressão visual dessas mesmas descobertas? 
Transversal a algumas das obras presentes, vejo um acentuado tom de aberração, nomeadamente, Orlan ao fazer inúmeras cirurgias plásticas na sua própria cara (por enquanto...), e Stelarc, ao colocar uma orelha com microfone no braço, por pura pesquisa artístico-científica.
O trabalho de Leonel Moura (robótica), consiste em robots pintores como meio de produção de pintura contemporânea, em que o próprio salienta que o essencial é o processo, mas que me parece facilmente esgotável ao nível de resultados plásticos: meros labirintos sobre um suporte, mais ou menos estruturados, figurativos e regulados pelas indicações de espontaneidade existentes nos robots através dos pheronomas. 
Tendo a exposição Inside um leque de possibilidades de discussão muito amplo, os meus pontos de vista aqui expressos são uma ínfima parte das questões sobre as quais me posso debruçar nesta relação entre Arte e Ciência. Considero, todavia, que os limites éticos ultrapassados em determinados exemplos são bem plausíveis e a ruptura que, porventura, deveria existir aqui seria a de evitar dar ênfase a produções artísticas que ultrapassam a conduta da sociedade ocidental actual. Produzir Arte é, a meu ver, bem distinto deste culminar de uma gigantesca produção que, em muitos casos, mais do que tentar ser Arte, desafia por todos os modos sensoriais e pretende somente agoniar o espectador…




                                                                                    

Sem comentários:

Enviar um comentário