terça-feira, 10 de novembro de 2009

À deriva rumo a um destino incerto...




Por vezes sinto-me completamente à deriva. Questiono-me acerca da pertinência das minhas próprias dúvidas, do que faço e como faço. Coloco-me em posição de testemunha do meu ser, um voyeur que me persegue e analisa e, porventura, no fim do dia, me responde a tudo o que lhe pergunto, sem juízos de valor.
Transcendo para uma realidade virtual. Levito e relaxo deitada sob um pano de seda suave e confortável, em que adormeço. De repente, deslizo para uma superfície dura, incómoda, desconfortável. Retornei à realidade.
Procuro, incessantemente, a  minha testemunha. Perdi-a. Desnorteada, entro em pânico. Procuro ainda mais. Páro! Olho para o chão. Vejo os meus sapatos, que acomodam uns pés inertes, ladeados por sapatos de todas as cores, irrequietos, rápidos, deslocando-se em direcções opostas. São seres, humanos. Seres, que muitas vezes como eu, se prendem a um imaginário como fuga das circunstâncias que os confundem, perturbam e até mortificam. Mas a que todos regressam até ao Último dia.
Parece fácil fugir, correr sem parar e olhar para trás, com mochila às costas e abandonar tudo. Mas estamos somente a esquecer a beleza do presente que, por muito má que nos pareça na altura, é experiência, é um momento entre muitos que tem que ser enfrentado e nos ensina, muito.
Não me importo, gosto de quem e do que sou, não gosto de perder mas gosto de lutar e crescer. Gosto, o quanto gosto!, de viver… no meu mundo que partilho com todos os mundos que me rodeiam…

Fotografia de Carolina Quirino

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